RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é transtorno do
neurodesenvolvimento infantil caracterizado por dificuldades na interação
social, comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos, podendo
apresentar também sensibilidades sensoriais. Tendo em vista que existe uma
necessidade árdua de se tratar a inclusão como fator de extrema importância no
meio social, a inclusão do autista na rede básica de ensino é relevante posto
que a escola seja uma das primeiras portas de contato social da criança. Esta
inclusão precisa passar por caminhos que a entenda como necessidade e modo de
vida, no ambiente escolar a preparação dos professores quanto a mediação do
convívio mais próximo do autista com outras crianças, da didática a ser
oferecida pelos educadores, ensino acessível, comportamento cotidiano, até
mesmo do ambiente a ser construído configuram inclusão em seu sentido amplo. As
escolas inclusivas públicas precisam existir e se desenvolverem, visto que o
acesso a esse tipo de ensino é mínimo e a necessidade é enorme, também cabe
ressaltar a capacitação dos profissionais da educação em aspectos pedagógicos e
sociais. A inclusão vai além da estrutura e da boa vontade dos profissionais da
educação, “incluir é aceitar, é sentir a educação além do contexto físico do
espaço sala ou escola, é, sobretudo, uma forma de estar e de ser dos pais, dos
docentes e não docentes, das escolas, da sociedade e do mundo em geral. Isto é
inclusão” (CAVACO, 2014, p. 36). O diagnóstico do espectro autista já é difícil
para a família. Ao longo da vida, mesmo sendo o agente principal para auxiliar
na superação dos desafios, esta família se vê impossibilitada de incluir a
criança na educação básica pelo receio de bullying e preconceito, por isso
termina por não levá-lo à escola. Diante disso, é necessário a família conhecer
a importância da instituição escolar para o desenvolvimento do infante em
componentes educativos e sociais. Por se tratar de um tema novo a inserção do
autista enfrenta muitos desafios na nossa sociedade. A escola como agente
socializador desenvolve um papel fundamental no processo de socialização, por
isso, deve estar apta à acolher e desenvolver a criança educacionalmente.
palavras chave: autismo; educação; inserção;
1 INTRODUÇÃO
A educação básica é de fundamental importância na formação educativa de
indivíduos, pois, dentre outros aspectos ela influência na formação da
identidade da criança e sua forma de atuação no exercício da cidadania. O
ambiente escolar favorece a socialização e o desenvolvimento de valores afetivos,
cognitivos e emocionais entre elas. Assim, o acesso a ambientes escolares
facilita a ampliação do conhecimento dos indivíduos sobre a realidade social e
cultural do contexto na qual estão inseridas (Santana, K.,2016).
A Declaração Universal dos Direitos do Homem que ocorreu em 1948 foi um
preâmbulo para a atual Política Educacional Brasileira na qual decreta em sua
normas, metas a inclusão em escolas regulares de ensino, educação para todos,
abarcando indivíduos portadores de necessidades educacionais especiais e que
necessitam de atendimento educacional especializado (MARTINS, V.,2008).
Conforme Saraiva e Lopes (2011, p. 17) apud Lopes e Morgenstern (2014,
p.183) “estar incluído era simplesmente poder desfrutar dos benefícios que eram
estendidos a toda a população”, ou seja, a inclusão de toda a população em
participação e interação ativa social.
Para além da comunidade escolar com atendimento consciente e responsável
à criança com espectro autista, a família tem papel indispensável para o
desenvolvimento da criança. Essas famílias mesmo apresentando dores e
sofrimentos durante todo o processo de vivência com seus filhos,
historicamente, sua participação foi decisiva para a conquista de direitos
(SERRA, Dayse C. G.,2010).
“ Uma escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz de formar
pessoas nos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária,
quando consegue: aproximar os alunos entre si; tratar as disciplinas como meios
de conhecer melhor o mundo e as pessoas que nos rodeiam; e ter como parceiras
as famílias e a comunidade na elaboração e no cumprimento do projeto
escolar”(MANTOAN et al, 1997).
Este blog tem como objetivo dar visibilidade às dificuldades de inclusão
de crianças portadoras do espectro autista na educação básica.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A educação infantil é a base inicial do processo educativo, esta deve
ser um ambiente onde a infância possa ser vivida em toda sua plenitude,
conforme estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) no
artigo 29.
Dessa forma, é possível compreender a importância da educação
básica como um dos espaços que favorecem o desenvolvimento infantil, tanto pela
oportunidade de convivência com outras crianças quanto pelo importante papel do
professor, cuja as ações favorecem a obtenção de diferentes habilidades nas
crianças. O ambiente escolar possibilita contatos sociais, favorecendo o
desenvolvimento da criança autista, assim como o das demais crianças, na medida
em que convivem e aprendem com as diferenças. Além disso, na escola regular a
criança com espectro autista encontra modelos mais avançados de
comportamentos para seguir.
1.2. OBJETIVO GERAL
Compreender como as crianças com espectro autista interagem no ambiente
escolar.
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar a inserção do Autista na Educação básica.
Identificar o número de escolas com profissionais capacitados para
atender crianças com autismo.
Identificar as dificuldades que o autista enfrenta no ambiente escolar.
Analisar o papel da escola como agente socializador no processo de
acolhimento e desenvolvimento da criança educacionalmente
1.3 JUSTIFICATIVA
O projeto tem como função trazer visibilidade a questões relacionadas as
dificuldades enfrentadas por portadores do autismo e suas implicações numa
sociedade ainda desigual e não inclusiva. Objetiva-se atingir principalmente
aos profissionais da educação, autoridades políticas e para população em geral.
O projeto de pesquisa se baseia em artigos baseados no tema.
Existe escassez de escolas com profissionais capacitados para
lidar com as crianças que possuem autismo, por isso, eles encontram
dificuldades para serem inseridos na escola, assim muitos recorrem ao ensino
privado e os que não possuem poder aquisitivo ficam à mercê da educação não
especializada.
2. AUTISMO
Desde 1943 há uma
tentativa de caracterização do autismo que, para alguns autores, era congênita.
Conforme estudavam o espectro descobriu-se que a incidência é maior em meninos
do que em meninas (Schawartzman, 1994); as definições e pesquisas foram
muitas e levaram para um melhor entendimento no tempo presente.
Assim, o autismo é
um transtorno do espectro que vem sendo mais amplamente discutida ao longo
dos últimos anos. A discussão é benéfica, pois dá mais visibilidade ao
transtorno e provoca questionamentos no que diz respeito, ao que deve ser feito
para melhorar a qualidade de vida, seu bem-estar etc. Além disso, assegura os
portadores do espectro de que tenham direitos iguais a de qualquer outro
indivíduo como confirma o Art 5° da Constituição Federal (BRASIL, 1988).
O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é
caracterizado como uma síndrome comportamental que compromete o desenvolvimento
ao longo da vida. As principais alterações identificadas são o déficit nas
áreas de comunicação e socialização, padrões restritos e repetitivos de
comportamento, interesses ou atividades. (GUIMARÃES, 2019)
2.2 EDUCAÇÃO INCLUSIVA
De acordo com a Unesco (1997) todos têm direito a educação e os sistemas
de educação devem ser implementados de acordo com as vastas diversidades e
características, foi na declaração de Salamanca que foi incluído o conceito de
Educação Inclusiva. A partir dela, houve fortalecimento das crianças serem
inclusas no ensino regular. Embora tardiamente, a declaração legitimou aquilo
que na prática já deveria ocorrer a muito tempo. Muitas pessoas foram
desassistidas por não serem “iguais” as demais.
A educação é um direito garantido na constituição de 1988 no qual é um
dever do estado e direito do cidadão, não importando a sua condição.
Entretanto, mesmo após anos de Constituição e da declaração da UNESCO o país
enfrenta entraves para a contemplação dos direitos estabelecidos na mesma.
Segundo Ainscow, (2009) citador por GOMES (2016, p.125), nos últimos
anos, a inclusão, além de gerar polêmicas, por não se tratar de uma tarefa
simples, passou a ser considerada para alguns, o maior desafio escolar em todo
o mundo.
2.2.1 Educação inclusiva para os autistas
O autismo infantil é
caracterizado pela dificuldade em socializar-se, desvio em relações
interpessoais, dificuldades na linguagem, comunicação (Schawartzman, 1994 p.
7). A afirmativa do autor aponta para um lugar mais amplo: a escola.
Essa, importante agente socializador na vida de qualquer indivíduo. Levando em
consideração a dificuldade de socialização, a escola pode ser um ambiente que
estimule essa criança ou faça com que se feche ainda mais por causa de rejeição.
No processo de inclusão, é preciso
cuidado com a rejeição da criança que que pode por sito ter uma crise de
comportamento. Assim, a relação professor- -aluno destaca-se como uma base de
controle, segurança e confiança do aluno de forma que ele controle
paulatinamente os seus impulsos (Mello, 2007).
“Nenhuma criança é
igual à outra. Por que os autistas seriam?” (RAMOS,2018). A inclusão de alunos
com TEA, ainda permanece um desafio para o sistema educacional brasileiro se
tornando assim um empecilho para os mesmo obterem a educação apropriada,
inclusiva e de qualidade .
Quando se trata de inclusão de indivíduos com TEA, o processo
comprometimento na comunicação, interação social e a presença de padrão
restrito e repetitivo de comportamento podem acarretar prejuízos no sucesso do
aluno na sala de aula regular, caso não haja um direcionamento eficaz, uma vez
que o fato de o TEA ser tão complexo pode ser um fator que dificulte a entrada
de pessoas com esse diagnóstico em escolas.(GOMES; MENDES 2010).
2.3 A importância da tecnologia na escolarização dos autistas
Todas as tecnologias nascem com algum
propósito e ela está presente em qualquer lugar, na educação ela é inserida
como uma técnica aliada ao uso de equipamentos sofisticados, neste sentido, a
tecnologia na educação autista como ferramenta pedagógica possibilita ao professor
poder refletir e redirecionar seu planejamento em favor da aprendizagem
refletindo, assim, sobre as atitudes docentes frente ao processo de ensino e
aprendizagem e a reflexão diária da práxis.
O acesso aos instrumentos que permitem provocar práticas de
empoderamento não ocorre de forma automática, em particular para os sujeitos
que se encontram em desvantagens físicas, sensoriais, cognitivas, como também
para aqueles em condição de vulnerabilidade socioeconômica. Os governos ao
estruturar e gerenciar sistemas externos aos indivíduos e às organizações devem
forjar estratégias para que as práticas de apropriação de recursos de
empoderamento sejam dadas também às pessoas com deficiência. (SANTAROSA;
CONFORTO, 2015.)
2.3.1 As Contribuições do Uso da Comunicação Alternativa no
Processo de Inclusão Escolar de um Aluno com Transtorno do Espectro do Autismo
A comunicação Alternativa é uma área de
conhecimento, de característica interdisciplinar utilizado
com o propósito de identificar um conjunto de recursos (equipamentos,
estratégias, práticas, etc.) e serviços que possam
contribuir, proporcionar ou ampliar as habilidades funcionais de pessoas
especiais e promover sua vida Independente e inclusão, assim, a “Comunicação
Alternativa e Ampliada (CAA) é uma subárea da Tecnologia Assistiva e
envolve o uso de sistemas e recursos alternativos que oferecem aos indivíduos
sem fala funcional possibilidades para se comunicar. Tais mecanismos são
elaborados através de sinais ou símbolos pictográficos, ideográficos e
arbitrários, a fim de substituir ou suplementar a fala humana, com outras
formas de comunicação”. (Nune; Glennem 1997)
Os distúrbios na comunicação começam a ser percebidos paralelamente com
o desenvolvimento da criança, desde os seus primeiros anos de vida. Tais
problemas de linguagem podem trazer danos significativos ao seu desenvolvimento
global. (Walter; Nunes 2008)
Com intuito de minimizar esses
distúrbios na comunicação de crianças com TEA, Bondy e Frost (1994),
desenvolveram nos Estados Unidos o sistema PECS (The Picture Exchange
Communication System), para crianças com TEA e com déficit severo na
comunicação oral. O PECS é um sistema de Comunicação Alternativa e Ampliada,
cuja utilização é feita partir de trocas de figuras (cartões de comunicação),
ou seja, troca-se o cartão de comunicação que está em poder do usuário pelo
item desejado por ele, podendo ser um objeto, a solicitação de alguma ação, ou
até mesmo a demonstração de algum sentimento ou sensações, a fim de efetivar a
comunicação com seu interlocutor.
O sistema se apresenta em seis fases de
treinamento, assim que o objetivo de cada fase é atingido, a criança avança
para a fase seguinte do sistema, para a criança progredir nas fases seguintes
são determinados alguns requisitos pelo próprio manual de instruções do PECS.
O uso da Comunicação Alternativa e Ampliada para estabelecer a
comunicação de pessoas com TEA com ausência ou dificuldades na fala tem
mostrado resultados positivos, com histórico de sucesso no seu uso, na medida
em que as pesquisas vêm apresentando resultados positivos com significativa
melhora no desenvolvimento da comunicação e da linguagem. No entanto, ainda há
uma baixa produção científica em relação a estudos envolvendo comunicação
alternativa e autismo.
(Tamanaha; Walter; Schimidt 2013)
3 Métodos
Estudo quantitativo analítico
Área de estudo: Imperatriz, segunda maior cidade do estado do Maranhão,
localizada ao sul do estado com uma população estimada de 234.547 mil
habitantes, de acordo com o IBGE em 2010.
População: Estudantes matriculados da rede básica de ensino de
Imperatriz
Amostra: Estudantes que possuem a condição do Espectro Autista. O método
utilizado será do tipo aleatório.
Estudo piloto: Estudo e ensaio de eventuais entrevistas que serão aplicadas
paras os pais ou responsáveis dos autistas no ambiente escolar.
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